Espaço de apoio à promoção da leitura e da escrita criativa nas Escolas do 1º Ciclo e Jardins de Infância.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O Lobo e o Cordeiro

O Lobo e o Cordeiro

Certo dia, junto ao rio,
Andava um lobo a montante,
Quando deu c’o olhar bravio
Sobre um cordeiro a jusante,
Sobre as águas debruçado.
E com o maior desplante,
Quis sentir justificado
O ataque que forjou
Para se ver saciado.
Pelo anho então chamou,
Abonando à violência:
“Irado deveras estou
Com a tua impertinência!
Suja, aqui, a água aflora
Pela tua negligência!”
Ao que o cordeiro, em má hora,
Inda inocente contesta:
“Está a minha culpa fora,
Como este lugar atesta:
Vem daí a correnteza.
Logo, quem a água empesta
Estará com toda a certeza
Para os lados da nascente.”
“Qual é a tua defesa,
Já que disso estou ciente,
Das calúnias que apregoas
Há um ano, a toda gente,
Sobre mim e outras pessoas?”
“Tal coisa não fiz, senhor.
Minhas escusas são boas:
Podeis ficar sabedor
Que só nasci há seis meses.”
“Se delas não foste autor,
Foi qualquer outra das reses
Do rebanho onde hás nascido.”
Sem argumentar mais vezes,
Estando na razão vencido,
Abocanhou o cordeiro,
Que se viu, assim, perdido.
É triste, mas verdadeiro
Concluirmos sem engano
Que qualquer mote traiçoeiro
Serve de lema ao tirano.

A mesma fábula, vista pelos olhos dos meninos do Jardim de Infância de Pinheiro de Lafões: